segunda-feira, 1 de março de 2010

Caminho a seguir

Deslizo no escuro, sombras da noite perscrutam a minha alma.
Sinto frio, tenho medo.
Escolhi o meu caminho a seguir. Adivinho-o denso, sombrio e solitário.
Os meus passos são firmes. Não quero vacilar.
Pé ante pé, paulatinamente seguirei esta linha que se desenrola à minha frente.
Não mais poderei voltar atrás, não quero!
Não olharei para o passado, esse ficou lá... no passado, preso.
Fixo o meu olhar no futuro... busco a luz da minha vida.
Carrego no coração um voluptuoso sentir. Na alma, o livro dos nossos momentos. Memórias dum sentimento tão intenso, quanto verdadeiro: O meu eterno amor por ti!

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

há dias assim...

Há dias assim. Perto do nada e longe do tudo. Há dias em que a existência se veste do invisível. O corpo anseia pela paragem dos sentidos e a alma pelo eterno descanso.
Há dias assim. Dias sufocados pela gélida presença da tua ausência. Grito no silêncio do quarto. Grito por ti num insano querer de me fazer chegar até ti. Não estás mais aqui. Pensei-te eterno. Não o foste. O tempo levou-te de mim.
Amar-te é, hoje, um verbo vazio de sentido. É a amarra do passado e a indubitável solidão do futuro...

quarta-feira, 13 de maio de 2009

existência artificial

Ainda sofria muito, é certo. Porém o seu sofrimento era outro: sentia por si uma grande compaixão, misturada de muita ternura; tinha uma pena, uma pena infinita de si mesma. Chorava por si, como se chorasse pela infelicidade doutra pessoa, duma pessoa muito querida. Instintivamente, recordava a sua infância, enternecia-se com ela; recordava a sua vida inteira, as suas alegrias, os seus dissabores, os amigos desaparecidos - e por tudo isso é que ela chorava.
O coração partia-se-lhe num confrangimento sem fim, mas no fundo esta dor consolava-a. Era o bálsamo suave que pouco a pouco, pouco a pouco, a curaria docemente. E esse choro nem mesmo a enfraquecia. Pelo contrário: revigorava-a. Há angústias que avigoram… A sua dor suavizada, era-lhe até proveitosa… Porém, uma existência artificial, talvez, a que sem dúvida não poderia resistir por muito tempo… e assim sucedeu, em breve terminou…

sábado, 21 de março de 2009

medo de…

“E quando isso suceder?…” questionara-se, perdida… mais perdida ainda ficara no momento da consumação; criança fraca, que chorara, gritara e num grande desalento - no vácuo horrível duma vida desfeita – sucumbira, depois de ter resistido durante largos dias. O seu espírito enfraquecera pouco a pouco na antevisão da desgraça. Não resistira… teve medo, muito medo, medo de ficar sozinha… medo de…

sexta-feira, 6 de março de 2009

Negação

Recuso-me a viver na tua ausência...

sábado, 17 de janeiro de 2009

Correr... preciso correr...

Necessito correr. Correr em direcções sem sentido. Correr rápido. Correr com a brisa a romper-me a cara, com o Sol a secar-me as lágrimas. Preciso correr. Perseguir a minha liberdade e nunca alcançá-la para não cessar de correr. Correr com os olhos vendados, com a mente em branco. Correr por correr. Sem nenhum objectivo, sem metas, sem tropeções que arrebatem sonhos. Cansar-me de correr. Deixar-me cair quando já não tenha forças, recuperá-las e novamente correr. Não parar. Correr, olhar para os lados, para trás e nada mais querer ver que não seja o rasto que vou deixando à minha passagem. Com mais coragem correrei sem ninguém que me queira perseguir ou que me queira esperar. Correr. Fugir de mim ou talvez, quem sabe, ir ao meu encontro. Chocar de frente com a outra parte de mim que quero esquecer, que não quero encontrar. Arrebatar dela a alma e o coração, intrínsecos sentimentos, sugar-lhe o veneno que corre nas suas veias e que a consome a cada dia mais. Eu só quero sossego! Mesmo que isso signifique isolar-me. Correr sozinha. Não entendo este sentimento que me assola, me possui e me agonia devagar. Não entendo e talvez nem queira entender. Simplesmente fecho-me de fora para dentro e de dentro para fora; calo a minha voz, fico muda, distancio-me, fecho os olhos, respiro fundo e, às vezes, durmo. Ou, então, corro. Corro com o silêncio dos meus gritos dentro de mim e pairo na imensidão deste vazio...
Só me resta correr...

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

gestos e palavras

Gestos e palavras complementam-se, ou não fossem duas formas de comunicação.
O que seria de palavras sem os gestos para as reforçar ou o que seria dum gesto sem palavras para o definir e consolidar?
Já duvidei da palavra, chegando a crer que unicamente a palavra poderia ter duplo entendimento, mas à vida coube talvez o desprazer, talvez a sensatez de me ensinar que também os gestos são questionáveis.
Portanto, hoje, não dissocio a palavra do gesto, nem o gesto da palavra. Somente ambos e, em consonância, perfazem o tudo ou... o nada.