Ainda te viraste na ânsia de que eu te chamasse, que fizesse um movimento por mais pequeno que fosse que te fizesse voltar atrás. Percebi no teu rosto o quanto te custou descer aqueles degraus. Aqueles, que te levavam à tua nova vida. Enrolei-me nos meus braços. Nada mais havia a fazer ou a dizer. Afinal, era uma decisão tomada pelos dois. Nenhum de nós quis mais do que o outro. Ambos quisemos. Ambos decidimos. Ainda que não fosse o desejo de cada um mas, era a razão que ditava a nossa vontade.
Deixei-te ir. Sem uma palavra. Muitas fervilhavam dentro de mim. Queria dizer-te que não fosses. Que se calhar nos tínhamos enganado. Que provavelmente nos precipitávamos. Queria agarrar-te, não te deixar partir. Mas não, não o podia fazer.
Eu sei, sei que não vais tentar apagar-me da tua vida porque durante muito tempo no teu coração, nós vamos viver. Aqueles detalhes, tão pequenos e insignificantes de nós dois vão persistir, resistir, porque são coisas muito grandes para esquecer.
Sei que nos amamos. Que sempre nos vamos amar. Sei o quanto nos amámos, em silêncio e à distância. Não sei como acabará a nossa história. Sei que nos destruímos e que nos defendemos, unicamente, de nós mesmos. Sei que é o silêncio que nos resta, o que nos une, uma finíssima película de tempo suspenso, para além da qual não há nada mais do que a escuridão dos abismos. E, por isso, nenhum de nós ousa qualquer palavra, qualquer gesto, qualquer coisa que possa romper esse ténue fio que nos prende à eternidade.
É, talvez, uma história triste e sem fim feliz à vista. Ou talvez não.
Sei hoje e, ao ver-te partir também o senti, que nunca devemos amar em silêncio. Nada é mais perigoso do que dividir com outrem os pensamentos vividos em silêncio.
Tenho receio. Receio de não me vir a recuperar da tua ausência física. Mas guardo os nossos silêncios e reconstruo-os. E em cada silêncio da minha nova vida, estarás comigo e falarei contigo – como fazia dantes, deitada ao teu lado, falando em silêncio, numa nudez absoluta, sem segredos nem medos. Porque nada é mais íntimo e mais indestrutível do que o silêncio partilhado. O silêncio fica porque nunca mente, porque é tão íntimo que não pode ser representado, é tão envolvente que não pode ser rasgado.
Deixei-te ir. Sem uma palavra. Muitas fervilhavam dentro de mim. Queria dizer-te que não fosses. Que se calhar nos tínhamos enganado. Que provavelmente nos precipitávamos. Queria agarrar-te, não te deixar partir. Mas não, não o podia fazer.
Eu sei, sei que não vais tentar apagar-me da tua vida porque durante muito tempo no teu coração, nós vamos viver. Aqueles detalhes, tão pequenos e insignificantes de nós dois vão persistir, resistir, porque são coisas muito grandes para esquecer.
Sei que nos amamos. Que sempre nos vamos amar. Sei o quanto nos amámos, em silêncio e à distância. Não sei como acabará a nossa história. Sei que nos destruímos e que nos defendemos, unicamente, de nós mesmos. Sei que é o silêncio que nos resta, o que nos une, uma finíssima película de tempo suspenso, para além da qual não há nada mais do que a escuridão dos abismos. E, por isso, nenhum de nós ousa qualquer palavra, qualquer gesto, qualquer coisa que possa romper esse ténue fio que nos prende à eternidade.
É, talvez, uma história triste e sem fim feliz à vista. Ou talvez não.
Sei hoje e, ao ver-te partir também o senti, que nunca devemos amar em silêncio. Nada é mais perigoso do que dividir com outrem os pensamentos vividos em silêncio.
Tenho receio. Receio de não me vir a recuperar da tua ausência física. Mas guardo os nossos silêncios e reconstruo-os. E em cada silêncio da minha nova vida, estarás comigo e falarei contigo – como fazia dantes, deitada ao teu lado, falando em silêncio, numa nudez absoluta, sem segredos nem medos. Porque nada é mais íntimo e mais indestrutível do que o silêncio partilhado. O silêncio fica porque nunca mente, porque é tão íntimo que não pode ser representado, é tão envolvente que não pode ser rasgado.
Há palavras que ficam na garganta. Além do coração e aquém da razão.
ResponderEliminarBjs