Ele está sentado em frente dela que está de pé. Ela baixa os olhos. Ele segura-lhe o vestido por baixo, tira-lho. Depois faz deslizar o slip de algodão branco. Atira o vestido e o slip para cima do maple. Retira as mãos do corpo dela, olha para ela. Ela não. Ela baixou os olhos, deixando-o olhar.
Ele levanta-se. Ela fica de pé em frente dele. Ela espera. Ele volta a sentar-se. Ele acaricia mas levemente o magro corpo dela. Os seios, a barriga. Fecha os olhos como um cego. Pára. Retira as mãos. Abre os olhos. Muito baixo diz:
- Não posso... não podemos... não pode ser verdade...
Ela não responde. Ele diz: É um pouco assustador. Não espera resposta. Sorri e chora. E ela, ela olha para ele e pensa – num sorriso quase a chorar – que talvez vá amá-lo por toda a sua vida.
Com uma espécie de receio, como se ela fosse frágil, e também com uma brutalidade contida, ele pega-lhe e pousa-a sobre a cama. Depois de ela estar ali, colocada, oferecida, olha-a outra vez e volta a ter medo. Fecha os olhos, cala-se, não a quer mais. E é depois que ela faz aquilo. De olhos fechados, despe-o. Um botão depois outro botão, uma manga depois outra manga.
Ele não a ajuda. Não se mexe. Fecha os olhos como ela.
Ela. Ela está sozinha. Olha para ele, o corpo dele nu tão desconhecido como um rosto nu. Igualmente singular, adorável como a mão dele, nua, sobre o corpo dela durante a viagem que haviam feito poucas horas antes. Ela continua a olhar, e ele deixa, deixa-a olhar. Ela diz muito baixo:
- Há coisas que nunca se esquecem…
Ela beija-o. Já não está sozinha. Ele está ali. Ao lado dela. Ela beija-o de olhos fechados. Pega nas mãos dele, agarra-as, encosta-as ao rosto. São as mãos da viagem. Enquanto lentamente ele cobria esse corpo com o corpo dele, sem o tocar ainda, o silêncio das vozes preencheu o refúgio dos amantes. Ouvia-se o barulho da noite, abafado e longínquo na noite do quarto. E a voz dele torna-se tão próxima como as suas mãos.
- Vou magoar-te.
Ela diz que sabe.
Ela dizia que se recordava do medo. Como se recordava da pele, da doçura, e de se assustar.
De olhos fechados tocava essa suavidade, tocava a cor dourada, a voz, o coração que tinha medo, todo o corpo que se continha por cima do corpo dela, pronto para o assassínio de a ignorar a ela que se tinha tornado uma mulher dele. A mulher dele, desse homem que se cala e que chora e que faz aquilo num amor assustador que lhe arranca lágrimas.
A dor chega ao seu corpo. Primeiro é uma dor viva, depois terrível. Depois contraditória. Não há mais nada igual. Nada. E realmente é quando essa dor se torna insuportável que começa a afastar-se. A transformar-se, a tornar-se apropriada para gemer, para gritar, a agarrar o corpo inteiro, a cabeça, toda a força do corpo, da cabeça e o do pensamento, arrasado. O sofrimento abandona o seu corpo, a sua cabeça. Foi ultrapassado, deixou de sofrer. Isto já não se chama dor.
E depois esse sofrimento abandona o corpo, abandona a cabeça, abandona insensivelmente toda a superfície do corpo e perde-se numa felicidade desconhecida de amar sem saber.
Ela recorda-se. É, talvez a única, a recordar-se, ainda. A ouvir, ainda, o barulho do mar no quarto. De ter escrito isso também se lembra, como do barulho da rua. Até se recorda de ter escrito que o mar estava presente nesse dia no quarto dos amantes. Tinha escrito as palavras: o mar e três outras palavras: simplesmente, a palavra: incomparável e a palavra: inesquecível.
Ele levanta-se. Ela fica de pé em frente dele. Ela espera. Ele volta a sentar-se. Ele acaricia mas levemente o magro corpo dela. Os seios, a barriga. Fecha os olhos como um cego. Pára. Retira as mãos. Abre os olhos. Muito baixo diz:
- Não posso... não podemos... não pode ser verdade...
Ela não responde. Ele diz: É um pouco assustador. Não espera resposta. Sorri e chora. E ela, ela olha para ele e pensa – num sorriso quase a chorar – que talvez vá amá-lo por toda a sua vida.
Com uma espécie de receio, como se ela fosse frágil, e também com uma brutalidade contida, ele pega-lhe e pousa-a sobre a cama. Depois de ela estar ali, colocada, oferecida, olha-a outra vez e volta a ter medo. Fecha os olhos, cala-se, não a quer mais. E é depois que ela faz aquilo. De olhos fechados, despe-o. Um botão depois outro botão, uma manga depois outra manga.
Ele não a ajuda. Não se mexe. Fecha os olhos como ela.
Ela. Ela está sozinha. Olha para ele, o corpo dele nu tão desconhecido como um rosto nu. Igualmente singular, adorável como a mão dele, nua, sobre o corpo dela durante a viagem que haviam feito poucas horas antes. Ela continua a olhar, e ele deixa, deixa-a olhar. Ela diz muito baixo:
- Há coisas que nunca se esquecem…
Ela beija-o. Já não está sozinha. Ele está ali. Ao lado dela. Ela beija-o de olhos fechados. Pega nas mãos dele, agarra-as, encosta-as ao rosto. São as mãos da viagem. Enquanto lentamente ele cobria esse corpo com o corpo dele, sem o tocar ainda, o silêncio das vozes preencheu o refúgio dos amantes. Ouvia-se o barulho da noite, abafado e longínquo na noite do quarto. E a voz dele torna-se tão próxima como as suas mãos.
- Vou magoar-te.
Ela diz que sabe.
Ela dizia que se recordava do medo. Como se recordava da pele, da doçura, e de se assustar.
De olhos fechados tocava essa suavidade, tocava a cor dourada, a voz, o coração que tinha medo, todo o corpo que se continha por cima do corpo dela, pronto para o assassínio de a ignorar a ela que se tinha tornado uma mulher dele. A mulher dele, desse homem que se cala e que chora e que faz aquilo num amor assustador que lhe arranca lágrimas.
A dor chega ao seu corpo. Primeiro é uma dor viva, depois terrível. Depois contraditória. Não há mais nada igual. Nada. E realmente é quando essa dor se torna insuportável que começa a afastar-se. A transformar-se, a tornar-se apropriada para gemer, para gritar, a agarrar o corpo inteiro, a cabeça, toda a força do corpo, da cabeça e o do pensamento, arrasado. O sofrimento abandona o seu corpo, a sua cabeça. Foi ultrapassado, deixou de sofrer. Isto já não se chama dor.
E depois esse sofrimento abandona o corpo, abandona a cabeça, abandona insensivelmente toda a superfície do corpo e perde-se numa felicidade desconhecida de amar sem saber.
Ela recorda-se. É, talvez a única, a recordar-se, ainda. A ouvir, ainda, o barulho do mar no quarto. De ter escrito isso também se lembra, como do barulho da rua. Até se recorda de ter escrito que o mar estava presente nesse dia no quarto dos amantes. Tinha escrito as palavras: o mar e três outras palavras: simplesmente, a palavra: incomparável e a palavra: inesquecível.
Hoje, ela recorda...
Amaram-se, evidentemente!
ResponderEliminarE como em tudo na vida, houve um fim.
Talvez esse tenha sido, afinal, um final feliz para estes amantes... nem sempre “ficar junto” é o “final feliz”!
Hoje ela recorda, com alguma tristeza e saudade é claro, mas a vivência desse romance enriqueceu a sua bagagem emocional, edificou e consolidou a sua personalidade.
Tudo quanto vivemos é positivo, mesmo as coisas menos boas que nos aconteceram ou acontecem... saibamos nós retirar-lhes e apreender-lhes o ensinamento inerente!
Beijinhos, querida.
Ele também... ainda...
ResponderEliminarOs momentos de amor são únicos, por isso devem ser vividos com toda a intensidade, e tendo em conta todos os detalhes, para que mais tarde possam ser recordados com saudade, mas sempre com um sorriso estampado no rosto.
ResponderEliminarBjs.