Quer dizer: não consideras o suicídio uma covardia?
Mas de forma alguma! Acho até que um suicida é uma criatura de enorme coragem. Sei que um suicida é um desertor: a existência tornara-se-lhe impossível; ele fugiu-lhe. Perfeitamente. No entanto, para fugir, teve que praticar um acto muito mais violento - logo, muito mais corajoso - do que praticaria se continuasse a viver. Se continuasse vivo, conformava-se no fim de contas com a lei comum. - “A vida é um sofrimento eterno” - sujeitava-se. Mas ele não se sujeitou, morreu às suas próprias mãos - isto é: revoltou-se. Ora, a “revolta” foi sempre sinónimo de audácia, de coragem de energia.
Os suicidas! Ah! Com que entusiasmo os admiro, como os respeito! Eles realizaram aquilo que quiseram. Eis a sua grande superioridade. Valem bem mais do que eu, que tenho tanto desejo e nunca serei capaz de despejar um revólver sobre o meu crânio. Quem vive bocejante, lazeirenta como eu vivo, e continua a viver, não é só covarde - é um miserável.
Mas de forma alguma! Acho até que um suicida é uma criatura de enorme coragem. Sei que um suicida é um desertor: a existência tornara-se-lhe impossível; ele fugiu-lhe. Perfeitamente. No entanto, para fugir, teve que praticar um acto muito mais violento - logo, muito mais corajoso - do que praticaria se continuasse a viver. Se continuasse vivo, conformava-se no fim de contas com a lei comum. - “A vida é um sofrimento eterno” - sujeitava-se. Mas ele não se sujeitou, morreu às suas próprias mãos - isto é: revoltou-se. Ora, a “revolta” foi sempre sinónimo de audácia, de coragem de energia.
Os suicidas! Ah! Com que entusiasmo os admiro, como os respeito! Eles realizaram aquilo que quiseram. Eis a sua grande superioridade. Valem bem mais do que eu, que tenho tanto desejo e nunca serei capaz de despejar um revólver sobre o meu crânio. Quem vive bocejante, lazeirenta como eu vivo, e continua a viver, não é só covarde - é um miserável.